Sim, envelheci e também envelheceram comigo ideais e dogmas que na verdade só me afastaram do meu sucesso.
Sucesso esse que não se encontra nas coisas, nos termos de "ter". Envelheci certos sonhos, amores, encontros e reencontros, pois não há sonho vivido e idealizado por um só quando se trata disso.
Envelheci a vontade de ter isso, ou aquilo, para ser alguém respeitado. Percebi que para ser respeitado precisa-se ir além disso.
Não me importo mais com certas coisas e pessoas não me incomodam, não me atingem, porque sequer me lembro que elas existem.
Envelheci também, além da pele, além do corpo a idéia de ser perfeita. Ah! Isso é impossível. Descartei roupas, sapatos, mas deixei guardados os livros que li, as pessoas que amei e os dias felizes porque é tudo que restou de uma vida até aqui.
Envelheci e eu sei disso, pois meus cabelos brancos escondidos pela tintura teimam em aparecer, assim como as verdades. Verdades essas que por mais que as escondam um dia elas aparecerão.
E a minha verdade?
A minha verdade é que envelheci, meu corpo envelheceu, sinto o tempo fazendo pressão em cada movimento meu. Senti o despertar dos filhos crescendo, cortando o cordão umbilical e indo viver longe de mim. A minha verdade é que sentei-me e de repente vi o tempo passar, mas não enxerguei que a vida passou.
Envelheci, rodeada de "coisas", mas ainda me resta algum tempo.
Pois meu corpo envelheceu, mas a minha alma não.
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