Tinguim, paciente, via as bolinhas subirem e cada uma com seu tamanho desigual coloriam aquela tarde. Estava sentada debaixo do abacateiro no balanço improvisado feito pelo seu falecido vô Quinzinho. O abacateiro para ela era gigantesco e do outro lado um pé de manga que não deixava a desejar em sua majestade.
O quintal cheirava manjericão e outros tipos de cheiro verde. Havia cheiro de ervas que inebriavam o ar.
As bolinhas sobrevoavam todas as plantas, umas caiam sobre elas e permaneciam intactas por alguns pequenos instantes. Vez ou outra o quintal era visitado por borboletas e beija-flores que vinham visitar as belas roseiras.
O capim de erva cidreira balançava de um lado para o outro e Tinguim tentava decifrar que cheiro era aquele. Cheiro bom demais, pensava ela.
De repente chega Foguinho, seu primo. Seu cabelo era vermelho e sua pele bem branca davam contraste as suas sardas. Seus olhos eram amendoados e de uma esperteza sem igual. Chegou todo entusiasmado a procura da prima.
-Cadê você Tinguim? Perguntava.
-Estou aqui! Respondeu.
-O que você está bebendo? Perguntou ele apontando para o copo.
-Euu....
E sem pestanejar tomou o copo das mãos de Tinguim e o levou até a boca tomando um enorme gole. Sem dar nenhuma chance de Tinguim se explicar.
Fez se silêncio os olhos de Tinguim que já eram grandes, ficaram enormes de espanto.
-Mas é sabão....... Disse no momento em que seu primo já botava os bofes pra fora. Ela porém deveria confessar que achou bem feito. Mas não conseguiu dar mais nenhuma palavra, pois não se aguentava de tanto rir.
Saiu ele correndo jogando tudo no chão em direção à cozinha.
Tinguim pegou o copo e o canudo do chão procurou pelo pedacinho de sabão e encheu novamente o copo.
Sentou-se no balanço e começou a fazer suas bolinhas. E sua mente fluiu no vai e vem .
Será que se o Foguinho der um pum ele fará bolinhas de sabão!?
Começou a rir sozinha balançando pra lá e pra cá. Esvoaçando seus cabelos negros amarrados em suas chiquinhas e tendo suas bolinhas de sabão como companhia.
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