O dia mal começara e Tinguim já vinha gritando pela casa com sua voz estridente. Seus passos apressados nas suas pesadas botas ortopédicas quebravam o silêncio daquela manhã ensolarada. Gritava estridente:
-E hoje eu vou andar de cavalo! Ahhh vou sim! Resmungava.
-Antes venha tomar café, ordenava sua mãe.
Pondo à mesa, servindo a sopa de pão com margarina no café com leite quentinho.
Tinguim sem pestanejar tomou seu café da manhã e batendo os pés foi escovar os dentes.
-Coisa mais chata é essa de escovar os dentes, reclamava baixinho.
-O que você disse aí ? Gritou sua mãe.
-Nada mãeeeeee! Bufou.
-Quando tiver dor de dente vai se arrepender de não ter escovado! Bradou sua mãe.
-"Quandi tivir dor de dinti viii si arripindi blá, blá, blá". Resmungou em pensamento, pois não se atrevia a falar em voz alta.
Saiu ás pressas com resíduos de creme dental no canto da boca o qual limpou com uma das mãos, seu cabelo amarrado com duas chiquinhas balançavam conforme ela caminhava. Seu cabelo bem preto reluzia conforme o sol iluminava.
Vestia calças jeans com protetores de couro no joelho para protege-la dos tombos. A camisa rosa clara abotoada desordenadamente confirmava a sua pressa.
Saiu procurando seu pai que selava os cavalos. Saiu gritando estridente, paieeeeeeeeeee!
-Estou aqui! Venha pra cá. Saindo por detrás da cerca.
Tinquim saiu saltitante, quanta disposição tinha ela. Pensou o pai.
Enfim, estava ela sobre a égua mais faceira e inteligente da fazenda.
Cavalgavam felizes e livres, manhã radiante o ar da fazenda fazia com que tudo formasse um clima perfeito.
De longe viu se aproximar sua irmã caçula, ih lá vai ela querer andar no meu cavalo. Bufou!
-Tinguim, venha cá, agora é a vez da sua irmã! Chamou seu pai.
- Não, não, ela não vai! Saindo galopando e rindo.
Menina ruim é essa, pensou o pai.
Tinguim saiu em disparada sobre o cavalo, o vento batia em seu rosto e aquela sensação de correr era emocionante.
No retorno, vinha ela devagar, mas não contava com a natureza. De repente uma cobra sai do meio do mato e adivinhem só. Foi susto pra tudo quanto era lado. A égua se assustou empinou duas vezes e a única coisa que Tinguim pode fazer foi segurar forte e fechar os olhos.
Seu coração quase saía pela boca, estava pálida, mas grudada na sela.
A égua correu, correu e correu acho que nunca havia corrido desse jeito em sua vida.
Quando chegou perto do pai de Tinguim ela parou, assim de repente e só se viu as perninhas de Tinguim voarem sobre a cabeça da égua, caindo a sua frente de costas.
Seu pai desesperado foi ao seu encontro para poder socorrer, todo pálido e tremendo de tanto nervoso vendo sua filha espatifada no chão praticamente sem ar.
Chegou perto e chamava pelo nome desesperadamente.
Do nada ela senta e diz:
- Lully não vai andar de cavalo!
E foi assim que Tinguim caiu do cavalo duas vezes. Uma literalmente e a outra porque ficou de castigo!
E os arranhões?
Que nada, era apenas o começo de uma grande aventura que se chama, vida!